Mais fraco ou mais adulto?
Posso estar a escrever isto e na terça os jogadores do Benfica borrarem-se todos em Atenas e levarem 3 ou 4 e eu lá terei de fingir que nunca escrevi isto. Mas à hora que escrevo isto, deixo uma pergunta aos benfiquistas acerca dos últimos jogos que temos tido. Estamos mais fracos ou mais "adultos"?
Pegando nos dois últimos jogos (Nacional e Académica) vi muitas críticas à maneira como o Benfica tem jogado (ou parado de jogar quando está em vantagem). Esqueçam lá o rolo compressor que isso não volta. O Benfica de hoje (e parece que Jesus aprendeu isso finalmente) não precisa de andar a sprintar durante 90 minutos para ganhar jogos. Este é um Benfica mais em contenção, que pressiona menos à frente mas que também se cansa menos (e lá mais para a frente isto pode ser decisivo). Quando em vantagem, o Benfica garante a bola, porque sem ela, o adversário não marca (a não ser que haja outro armado em Katsouranis a fazer passes do meio-campo para o guarda-redes).
De reparar também que não sofremos golos nos dois últimos jogos e que poucas oportunidades concedemos (mesmo a jogar com Cortez). Nem Artur é criticado, porque se as oportunidades das outras equipas se contam pela mão de um fogueteiro, é mais difícil fazer merda.
Podemos não ter Salvio, nem um Matic tão exuberante ou até mesmo um Lima que parece que anda a dormir. Consequências de um Benfica mais pragmático. Um Benfica mais virado para a sala de troféus e menos para as capas de jornais e vídeos geniais no Youtube. Não que eu me importe de ver o que fazia Di Maria, Aimar ou Saviola com a bola nos pés. Ou até mesmo a jogada do Gaitán no ano passado e o golo do Matic. Mas acima de tudo, prefiro uma noite e madrugada a festejar no Marquês em maio.
É este o Benfica que se pede para amanhã. Pragmático, com o Cardozo a resolver e a controlar o resto do jogo. Não se pede mais que isto.
Deixo ainda três destaques: Enzo Pérez, Óscar Cardozo e Rúben Amorim. O primeiro é basicamente a antítese de tudo o que escrevi antes. Ele sabe que não precisa de andar aos sprints aos 90 minutos. Mas anda. Sabe segurar a bola, mas prefere acelerar com ela. Sabe sempre o que fazer e defende em todo o lado. Um médio de raça, que eu nunca pensei poder chegar a este nível. O melhor do Benfica neste momento, o motor da equipa, um autentico pulmão em forma de pessoa.
O segundo pelos golos, obviamente. É inegável que, por muito bem que se jogue ou que por muito que controles, se não pões a bola lá dentro, não ganhas jogos. E os golos de Cardozo têm ganho jogos. Ainda para mais numa altura em que Lima e Rodrigo não acertam. Pode-se dizer muita coisa de Cardozo (muitos dizem que para muito o jogo da equipa, quando a mim me parece que é um dos melhores construtores de jogo da equipa, juntamente com Enzo e Gaitán. E digo isto porque faz uma coisa que parece tão simples mas que é tão complicada: saber jogar em apoio. A bola chega a Cardozo. Ele para, segura o defesa e a bola e dá para a lateral para continuar a jogada. Resulta sempre!)
Por fim, Rúben Amorim. Podem não gostar dele, mas que tem sido muito importante, não podem negar. É um jogador para entrar sempre que a equipa está a ganhar. Porquê? Porque é dos melhores a fazer aquilo que a equipa tenta fazer mais neste momento: segurar a bola. É um jogador de posse de bola a jogar finalmente onde rende mais: no meio. Nunca será um titular deste Benfica, mas será sempre de uma utilidade extrema.